terça-feira, 18 de setembro de 2018

MÉTODO CIENTÍFICO E "CIÊNCIA ESPÍRITA"





A investigação científica dos fatos e causas dos pretensos fenômenos mediúnicos é objeto de intenso estudo, principalmente pela pseudociência da parapsicologia. Investigações científicas sobre mediunidade e outros "fenômenos espirituais" defendidos pelo Espiritismo ocorreram/ocorrem inclusive em âmbito universitário, mas apesar de muitos cientistas, inclusive renomados, já terem afirmado que evidenciaram a existência de fenômenos do tipo em suas pesquisas, através do método científico a existência de espíritos não encontra-se estabelecida, tampouco provada.

 Existe certamente uma diversidade de alegadas práticas que vêm suscitando curiosidade dos pesquisadores de "fenômenos espirituais" em geral - a exemplo a :
psicografiadesdobramento espiritual, experiência de quase mortefenômeno da voz eletrônicaretrocogniçãopremoniçãoincorporaçãopsicofoniapsicometriaxenoglossia, 
obsessão espiritualmedicina espiritualclarividênciaclariaudiênciapoltergeistpsicopictografiafotografia espírita, filmagem espírita, ectoplasmia, telepatiapsicoquinesialevitaçãoradiestesia,

Frente a essa diversidade de fenômenos é que Kardec, no preâmbulo de "O que é o Espiritismo", afirma que o espiritismo "é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal", e é dentro dessa perspectiva é que define-se o que naquele momento se chamou de "ciência espírita", tendo esta por objeto central de estudo o espírito e por metodologia um conjunto de princípios teórico-metodológicos próprios que, ao menos em definição, far-se-iam sempre compatíveis com o estabelecido pela ciência propriamente dita - via método científico.

É fazendo-o sempre com base nos princípios metodológico-teóricos acima definidos, sempre esmerando-se em distinguir os acontecimentos que considerava legítimos daqueles verossímeis de charlatanismo e daqueles oriundos da simples imaginação superexcitada pela fé, que Kardec analisou, na "Revue Spirite" (Revista espírita) - dirigida por ele até sua morte - vários dos relatos de fenômenos aparentemente mediúnicos oriundos de diversas partes do mundo.

É diante do acima exposto que mostra-se importante frisar que o termo "ciência", quando associado ao espiritismo, transcende a "ciência" que se encontra atrelada a cadeiras como física, química, biologia ou qualquer das demais cadeiras que integram as ditas ciências naturais - ou mesmo as ciências sociais - áreas últimas também condizentes, ao menos em princípio, com a definição estrita de "ciência", onde um estudo científico - uma teoria científica - deve necessariamente obedecer a todas as delimitações e restrições definidas pelo método científico. Ressalta-se assim que os aludidos fatos defendidos pelos seguidores da doutrina como verídicos, embora tenha sobrevivido ao escrutínio de veracidade mediante testes definidos pela metodologia própria à doutrina, não sobrevivem os escrutínios condizentes apenas com o método científico, e nenhum deles implicou, até a presente data, fato científico propriamente dito. Mesmo esforçando-se para manter-se em consonância com essa, espiritismo não é, frente ao rigor da definição, ciência.

Allan Kardec buscou certamente incorporar o método científico na metodologia inerente ao fundar o Espiritismo, contudo não restringiu os pilares da Doutrina à ciência, definindo-a também sobre pilares da religião e filosofia; e é por não tê-lo seguido de forma única que muitos céticos classificam o Espiritismo como uma pseudociência ou superstição. Mesmo não considerados ciência em sentido estrito, justamente por serem sustentados também por pilares filosófico-religiosos, os fenômenos espíritas foram e ainda são, contudo, objetos de estudos para um número bem expressivo de pesquisadores (mais notoriamente médicos e parapsicólogos) ao redor do mundo; e dentre estes, muitos alegaram/alegam inclusive dispor de fortes evidências para corroborar de forma bem próxima à científica estrita vários dos princípios espíritas. Por exemplo, há uma pesquisa efetuada mundialmente pelo falecido professor de psiquiatria canadense da Universidade da Virgínia, Ian Stevenson, desde os anos 1960 até 2007, com mais de três mil estudos de casos, que segundo ele, fornecem evidências que sugerem não apenas a existência de espíritos como também a mediunidade, o desdobramento espiritual e a reencarnação, nomeadamente com a publicação de Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação Os médicos psiquiatras Jim Tucker e Bruce Greyson continuam o trabalho de Stevenson relacionado à espiritualidade.

 O norte-americano Dr. Raymond Moody é outro cientista muito aclamado por seus estudos que defendem conceitos espíritas, ele é autor do best seller Vida Depois da Vida e é considerado o principal responsável pelo surgimento do interesse popular nas experiências de quase morte.

Mesmo que estudados por várias personalidades de renome que acabaram por contribuir de outras formas, significativas ou não, à ciência em sua acepção moderna, as metodologias utilizadas pelas correntes espíritas são até hoje diferentes ou transcendem o método científico, e por tal o espiritismo permanece, hoje mais do que outrora, notoriamente muito mais atrelado às religiões do que às academias científicas propriamente ditas.

Concluindo-se que o Espiritismo tenha importado, a fim de estruturar seu corpo de conhecimento, muito da metodologia científica, mostra-se importante ressaltar que ele se desenvolve sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do Espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos. Quando o termo ciência é usado com acepção estrita (acadêmica), tais extrapolações ao método científico, embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do Espiritismo como ciência; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome. O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade.

Muitos cientistas e intelectuais renomados empenharam-se em investigações sobre a mediunidade e suas implicações para as relações mente-cérebro, entre eles: Allan Kardec, Alfred Russel Wallace, Alexandre Aksakof, Cesare Lombroso, Camille Flammarion, Carl Jung, Cesare Lombroso, Charles Richet, Gabriel Delanne, Frederic Myers, Hans Eysenck, Henri Bergson, Ian Stevenson, J. J. Thomson, J. B. Rhine, James H. Hyslop, Johann K. F. Zöllner, Lord Rayleigh, Marie Curie, Oliver Lodge, Pierre Curie, Pierre Janet, Théodore Flournoy, William Crookes, William James e William McDougall..

Método Cientifico e "Ciência Espírita" Ver também: Espiritismo científico (Postagem)

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritismo
Formatação: HR

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